ABIN, 13 ANOS

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Por Hércules Rodrigues de Oliveira (*)

 

Dificilmente alguém deixou de crescer sem que tenha, na rolança do tempo, algum dia ouvido o som enigmático das superstições. A crendice popular sem base científica incorporou-se, ao longo dos anos, na cultura do brasileiro, de sorte que, entre tantas outras, a que diz respeito ao número treze é indubitavelmente uma das mais curiosas, malgrado meu saudoso pai Affonso que dizia: �superstição, traz azar!�. Não sou supersticioso, mas o número treze é no mínimo emblemático.

Por superstição, o número treze é atribuído ao azar em muitas culturas. Dificilmente veremos carros na Fórmula 1com este número, e em alguns países, não se verá andares identificados pelo número treze. Entretanto para os Maias, treze é o número de Deus, pois representam os 13 fluxos de energia em estado puro que emanam em espiral de forma grandiosa de nosso Criador. Na Santa Ceia, são treze os personagens, Jesus Cristo e os doze apóstolos. O livro A Arte da Guerra de Sun Tzu é composto de treze capítulos, sendo o último destinado ao emprego de espiões. Doze eram os espias hebreus, todos eles príncipes das tribos de Israel, comandados por Moisés. Mas o número treze nada mais é que um �símbolo� que se torna, como todos os outros, algo essencial para o processo da comunicação humana.

Neste contexto lúdico a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) completa no dia 07 de dezembro de 2012, treze anos de existência. Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 13 de julho 1990, considera-se adolescente aquela pessoa entre doze e dezoito anos de idade, ou seja, por analogia, a ABIN é uma jovem adolescente, que vem acelerando a sua transição para a fase adulta em seus diversos níveis. Interessante é que, também em 2012, o famoso agente secreto de Sua Majestade, James Bond, já se tornou um cinquentão, pois sua estreia nos cinemas ocorreu bem no auge da crise dos misseis em Cuba.

James Bond viu o término da guerra fria, o colapso da União Soviética, e o subsequente �fim da história� concebido pelo nipo-americano, Francis Fukuyama. Viu os Estados Unidos (EUA) alçados à condição de hiperpotência, a ascensão econômica da Ásia que tinha o Japão à frente, a transição da democracia na América do Sul, em especial o Brasil.

Por sua vez, a ABIN, que ajudou e ajuda na consolidação do Estado Democrático e de Direito, trabalhando em defesa do Brasil, atua na identificação das ameaças ao Estado nacional, notadamente aqueles que compõem o Plano Nacional de Inteligência (PNI), que se fazem presentes no mundo hodierno, responsáveis por conflitos e tensões, como o terrorismo internacional, ataques cibernéticos, a criminalidade organizada e outros. Em vez do �fim da história�, a ABIN, assiste ao surgimento de várias outras com diferentes protagonistas, senão vejamos: A recessão estadunidense e o fardo deixado pela �Guerra ao Terror�, invasões do Iraque e Afeganistão, a ascensão da Ásia liderada pela China, e em solo pátrio a luta sem tréguas contra a corrupção, onde a punição do �mensalão� torna-se o símbolo de um novo Brasil.

A profecia se torna realidade não mais pelo viés de Nelson Rodrigues, sobre a síndrome do vira-lata, mas sim a luz de Stefan Zweig, que em seu livro de ensaios lançados em 1941, intitulou o Brasil, país do futuro. O investidor e empresário James Dale Davidson, no livro �Brasil Is the New America� (O Brasil é a Nova América), publicado neste ano de 2012, nos EUA, sem data de lançamento aqui, diz que o Brasil e os Estados Unidos vão inverterem posições neste século. Para que isso aconteça, necessitaremos de uma Inteligência de Estado forte, para identificar as ameaças e as oportunidades.

A ABIN, apesar de tenra idade, acompanha as mudanças e o novo direcionamento de interesses no cenário político e econômico mundial. Mudam-se os inimigos, mudam-se os alvos a serem atingidos. O combate ao crime organizado, terrorismo, narcotráfico, biopirataria, espionagem industrial e econômica e aos ilícitos transnacionais passaram a constituir o escopo da atividade de inteligência no século XXI. Para aqueles que gostam de símbolos, a ABIN completa 13 anos. O número 1 simboliza coragem e iniciativa e o 3 representa a autoconfiança e otimismo. Para quem é supersticioso, cuidado, 13 é Galo!!!

(*) Hércules Rodrigues de Oliveira  - Professor da Faculdade Novos Horizontes