Apoio incondicional à ABIN

Portal Exame

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Fábio Pereira Ribeiro*

Violência desenfreada, falta de competitividade, falta de inovação, espionagem internacional, perda de inserção internacional, novos tratados internacionais e o Brasil de fora, avanço do terrorismo internacional para a América do Sul, fuga de ???cérebros???, entre outras agendas, isto tudo confirma que necessitamos de um serviço de inteligência sério e ativo.

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) passa a ser subordinada à Secretaria de Governo da Presidência da República, que de qualquer forma também é jungida diretamente à Presidência, da mesma forma que era o Gabinete de Segurança Institucional, mas com um ponto positivo, sai de uma visão essencialmente militar e de segurança, e pode passar para uma visão mais abrangente da atividade de inteligência de Estado como um todo, principalmente em questões exteriores e econômicas.

Acredito que seja positiva a mudança, mas será que a Presidente Dilma Rousseff mudará realmente alguma coisa nas grandes atribuições da ABIN? Será que ela avançará com a Política Nacional de Inteligência (PNI)? Ou também, será que ela ampliará a atuação da ABIN no exterior? (foco principal de uma inteligência de Estado).

A ABIN merece nosso apoio incondicional, pois suas atribuições são de grande relevância para o Estado, e principalmente para a Nação brasileira. Muitos problemas de segurança, competitividade, inovação, e até mesmo terrorismo, provem do descaso dos governantes em relação ao andamento da atividade de inteligência. Por exemplo, perdemos potencialidades, competitividade e inovação em não desenvolver uma atividade de inteligência econômica como os chineses, franceses, americanos, alemães, e até mesmo angolanos, desenvolvem em todo mundo, inclusive no Brasil. Não acompanhamos com real certeza o processo, o processo decisório engessa a ABIN.

Dois pontos são importantes, a contraespionagem e o trabalho exterior. Dilma Rousseff precisa cuidar urgentemente destas agendas. No caso da contraespionagem, o sentido orçamentário, o risco foi escancarado depois do espião traidor, Edward Snowden, e outra em entender que todo mundo espiona todo mundo, menos o Brasil. Parecemos não entender a lógica do sistema internacional. Dilma ficou preocupada com os americanos, mas cegou-se em relação aos chineses e outras inteligências, insiste em não dar a devida importância para a inteligência brasileira.

A outra questão está centrada no trabalho exterior. Em sã consciência estratégica, por que a ABIN não está centrada no exterior? Não precisa estar no mundo todo, tampouco lotada em embaixadas, mas deveríamos ter postos estratégicos na China, na França, nos Estados Unidos, em Israel e em algum ponto da África, seja Angola ou África do Sul, mas ainda perdemos tempo com Venezuela e Buenos Aires. E é uma verdadeira bobagem acreditar que adidos militares ou diplomatas realmente possam produzir Relatórios de Inteligência de Estado consistentes para a demanda de inteligência de um país continental como o Brasil, não é?

E para finalizar, depois de uma pedalada de R$ 2,3 trilhões imagino que o próximo concurso da ABIN ficará somente para 2017. Isso enfraquece o quadro, considerando o grande número de aposentadorias em curso, sem contar o ???sangue novo??? necessário para a atividade. Por sinal, a ABIN recebeu nos últimos anos excelentes quadros, pessoas com o real perfil para a atividade, além de formações intelectuais de alto nível. A nossa inteligência de hoje não tem mais aquele perfil do ???porão??? de anos sombrios da história do Brasil. Os quadros da ABIN pensam a inteligência em defesa do Estado Democrático de Direito como também a Defesa da Nação Brasileira.

Espero que o novo Ministro, Ricardo Berzoini, realmente tenha uma visão estratégica sobre as atividades de inteligência, e inclusive entenda os anseios de Oficiais e Técnicos de Inteligência que formam os quadros da ABIN e de outros órgãos que integram o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN).


(*) Especialista em inteligência estratégica e política internacional, desenvolve negócios nas áreas de educação e inteligência na África, Ásia e Estados Unidos. Diretor da RM Law & Business School.