Inteligência na proteção de grandes eventos

Hércules Rodrigues de Oliveira
Estado de Minas - 14 de agosto de 2011

O dia 11 de Setembro de 2001 foi um marco histórico na Atividade de Inteligência (AI) e em todos os serviços secretos. Para nós, brasileiros, uma luz no fim do túnel, pois, mormente só percebem a Inteligência enquanto fruto do chamado "entulho autoritário", em razão do Serviço Nacional de Informações (SNI), ter sido considerado ferramenta de repressão dos governos militares (1964 - 1985), e que injustamente, carrega consigo a responsabilidade de abrigar os porões da ditadura, pior ainda, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), sua sucessora, que, tendo sido criada em 1999, recebe em sua conta, todo tipo de denúncia, nos mesmos moldes da indústria do holocausto.

A agressão perpetrada pelo grupo terrorista fundamentalista islâmico Al-Qaeda (a base), foi um feito notável do ponto de vista estratégico, pois foi o primeiro ataque, em solo estadunidense, por ar, desde 9 de setembro de 1942, depois que um avião japonês, transportado por um submarino, ter lançado bombas incendiárias no Monte Emily, no estado do Oregon, na tentativa de provocar um grande incêndio florestal.

O marco histórico alertou a todos para o fato de que nenhuma nação, por mais militarmente e tecnologicamente preparada que seja, está a salvo de um ataque terrorista, praticado por estrangeiros ou por nacionais (como o caso recente do norueguês Anders BehringBreivik) e de que, Órgãos de Inteligência (OI) devem obrigatoriamente interagir na troca de informações em prol da defesa da sociedade e do Estado democrático de direito, o que deixou de ocorrer nos EUA, quando disputas políticas e questões intestinas não permitiram a comunicação entre as 15 agências de Inteligência norte-americanas, o que favoreceu o atentado de 11 de Setembro.
Sabemos que o terrorismo necessita de publicidade para continuar a existir. Ele exerce o terror sobre corações e mentes e sempre atuará onde houver público e mídia, pois a propaganda é indispensável para atrair adeptos e espalhar o medo. O novo líder da Al-Qaeda Aymanal-Zawahiri, declarou: "Estamos em uma batalha e mais da metade dessa batalha é travada na mídia, à distância". Para o americano Scott Atran, autor do livro: Falando com o Inimigo: Fé, Irmandade e o (Des)Fazer dos Terroristas, 2010, Editora Harper Collins: "o maior perigo está em a mensagem do grupo se espalhar entre os jovens revolucionários". Para ele o perfil do terrorista é igual ao de uma pessoa comum, pois não há nenhum distúrbio psicológico por trás de suas ações.

Pois bem, o Brasil se prepara para receber holofotes internacionais, em razão dos eventos que se avizinham. A experiência dos Jogos Pan-Americanos e a vitoriosa participação nacional nos Jogos Mundiais Militares estão ajudando na formação dos operadores de Inteligência. Diante disso a Presidente Dilma Rousseff assinou decreto que cria a Secretaria Extraordinária de Segurança para os Grandes Eventos, como a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho de 2012, a Copa das Confederações, prevista para junho de 2013, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.

A secretaria contará, com uma Diretoria de Inteligência para promover, entre outras ações, o intercâmbio de dados, informações e conhecimentos necessários à tomada de decisões, sejam administrativas ou operacionais, com os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). A presidente ao criar a secretaria,além de reconhecer a existência de um Sistema de Inteligência - sabedora da atual falta de coordenação entre diferentes organizações de segurança -, determina o trabalho conjunto para que não se repita os mesmos erros do dia 11 de Setembro nos Estados Unidos. Importante o registro de que o mundo já descobriu que foi por intermédio das ações especializadas de Inteligência que se eliminou Osama Bin Laden. Conhecer o Sisbin é mais uma forma de compreender a importância da Atividade de Inteligência e não por medo do enigma da esfinge: "Decifra-me ou devoro-te".

Jornal Estado de Minas - Caderno Opinião - Editor: Pedro LobatoDomingo, 14 de agosto de 2011 - Página 7